Conversando com outros donos de cães e acompanhando comunidades pela internet afora, vejo que uma dúvida muito comum entre os proprietários é sobre como escolher a melhor ração para o cão entre as diversas opções que existem no mercado. É fácil entender o motivo de tanta dúvida, uma vez que existem rações dos mais variados tipos, preços, características e finalidades. Por exemplo, existe ração específica para raça. Também temos rações light, rações para cães “esportistas”, por porte (pequeno, médio, grande ou gigante), para cães com problemas de saúde (exemplo, rins), para gestantes e até mesmo papinhas para desmame de filhotes.
Antes de falar da parte prática do uso dessas rações, é importante falar um pouco sobre esse mercado e as características das rações, podemos classificar uma ração da seguinte forma:
* Rações "Standart / de Combate”: são rações muito baratas, de pouco valor nutricional (feitas a partir de proteínas de baixa qualidade). Nesse caso, o consumidor é atraído pelo preço e pela embalagem que muitas vezes diz frases do tipo: alto teor de proteínas. É importante saber que o que importa não é somente o teor de proteínas (expresso em %), mas sim a sua qualidade (origem). Além disso, o teor deve ser calculado de forma diferente para cada idade e porte do animal. Essas rações são pobres, resultam em fezes grandes, mal cheirosas, placa bacteriana e consecutivamente tártaro, pêlos feios que caem continuamente, animais muito magros ou acima do peso, dentre outros transtornos que a longo prazo podem resultar em doenças de tratamento bastante caro (ex.: tártaro, doenças articulares, cardíacas, etc).
* Rações “Comerciais”: são rações que, como o próprio nome diz, possuem forte estratégia de marketing, como embalagens bonitas, coloridas, com fotos de belos cães, normalmente de marcas famosas e com propaganda na televisão. Essas rações também são nutricionalmente incompletas e na maioria das vezes o custo-benefício traz prejuízo ao consumidor.
* Rações "Premium": São rações de boa qualidade e de um preço ainda acessível. Essas rações já vêm com diferentes formulações. Com o uso de rações premium as fezes já apresentam-se menores, porém esse alimento não previne tártaro, doenças articulares, dentre outras.
* Rações "High-Premium, Premium Plus ou Premium Especial": são rações premium com alguma vantagem a mais. Elas também são formuladas de acordo com a idade e porte do animal. Como vantagens (de acordo com a marca) pode-se encontrar: prevenção do tártaro, diminuição do volume e odor das fezes, altos teores de ômegas (resultando em pelagens mais exuberantes), dentre outras.
* Rações Super Premium: são rações chamadas como “primeira linha”, por serem completas para os diferentes tipos de cães. Nesse caso, além de serem formuladas de acordo com a idade, o porte e muitas vezes a raça do animal, elas também possuem atributos essenciais para a sua saúde. Ex.: as de cães de raças grandes e gigantes obrigatoriamente devem apresentar altos teores de sulfato de condroitina e glucosamina (caso contrário não podem ser classificadas como super premium).
As Rações Super Premium são assim classificadas a partir de um certo percentual de digestibilidade, o que pode variar de acordo com os interesses dos fabricantes, pois não há um “padrão” neste sentido. Como consumidor, para saber se a ração é de alta digestibilidade, ou não, basta analisar na embalagem os ingredientes que compõem a ração. As fontes proteicas devem ser de origem animal (carne de frango, carne de peru, digestas de frango, carne de ovelha, ovos, etc.). E as fontes de gordura também, ou pelo menos óleos vegetais nobres como, por exemplo, óleo de linhaça. Fontes proteicas vegetais como soja, glúten, etc. não têm alta digestibilidade. É bom desconfiar de produtos que têm em sua relação de componentes coisas como “carne de aves” (urubú também é ave / e de que parte da ave estão falando? Pena e bico são proteína pura e de baixíssima digestibilidade). O que pode aumentar a digestibilidade da ração é a presença de fibras de moderada fermentação (p.ex. polpa de beterraba branca), que aumenta a eficiência absortiva dos enterócitos. Outro ingrediente que melhora a digestibilidade são os F.O.S. (fruto oligo sacarídeos), que alimentam a microbiota intestinal, ou seja, beneficia o crescimento de “boas bactérias” no intestino, o que leva a uma melhor fermentação do bolo alimentar.
Resumindo, quando compramos uma ração para o amigo peludo, devemos estar atentos aos níveis de garantia (percentuais de proteína, gordura, etc. ) e a qualidade dos ingredientes. Por exemplo, uma ração para cachorro deve ter, no mínimo, 18% de proteína. O que é relativo porque carne é fonte de proteína e pena da galinha também. Carne é bem mais digerível que pena. Outro detalhe é o equilíbrio entre percentuais de proteína e gordura. Não é eficiente uma ração com 30% de proteína e 8% de gordura, nem outra com 18% de proteína e 20% de gordura.
A alimentação de um pet é um investimento. Animais bem alimentados ficam doentes com menos freqüência e têm mais chances de atingirem uma longevidade. Por exemplo, um filhote em pleno desenvolvimento precisa de proteínas e minerais suficientes para uma boa formação do esqueleto, equanto um animal idoso já começa ter declínio de suas funções orgânicas, precisando menos de determinados componentes. Sem esquecer que em cada fase da vida animal as necessidades e quantidade de ração variam para que suas necessidades sejam supridas.
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