quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Parto de Cadela Passo a Passo

 Parto de Cadela Passo a Passo

A gestação nas cadelas dura em torno de 58 a 63 dias. Esse tempo é influenciado por diversos fatores como por exemplo, número e tamanho dos filhotes. A gestação pode ser confirmada por ultra-sonografia, que também mostrará o número de fetos e sua posição no útero. Também importante para o acompanhamento do desenvolvimento dos fetos. O diagnóstico através de palpação pode ser feito a partir dos 30 dias. Com 35 dias já se observa o desenvolvimento das glândulas mamarias, que ficam rosadas e túrgidas. Nessa fase já há aumento acentuado de peso.
Com 40 dias o abdome já está aumentado. Aos 45 dias o RX já evidencia ossos da cabeça, vértebras, costelas e ossos longos dos membros. Com 49 dias a cabeça dos fetos já é bem palpável e há grande aumento nas glândulas mamarias. A partir da 8a semana de gestação, o movimento dos filhotes já pode ser visto quando a cadela está deitada. Os filhotes já podem nascer de forma segura.
1 semana antes do parto, principalmente nas fêmeas em primeira gestação, ocorre secreção aquosa nas glândulas mamarias. Nas 3 ultimas semanas de gestação sua alimentação deve ser reforçada. O uso de ração balanceada de boa qualidade e de formulação para filhotes e fêmeas em gestação, é a melhor forma de garantir os nutrientes necessários, sem a necessidade de suplementos extras. Durante a gestação, devido a ação da progesterona, o tempo de esvaziamento gástrico da cadela aumenta, mas ao mesmo tempo a motilidade gástrica diminui, conforme o estômago é deslocado pelo útero em crescimento. Portanto o ideal é que se forneça a alimentação em pequenas porções várias vezes ao dia, facilitando a digestão. É normal que no final da gestação a cadela perca o apetite, principalmente quando está próximo da hora do parto. Duas semanas antes do parto prepare o local onde a cadela irá ter seus filhotes e a estimule a deitar e dormir lá. Isso a deixará mais segura na hora do parto.

Na última semana de gestação já deve-se estar com tudo preparado, caso os filhotes nasçam antes do tempo: carro preparado com toalhas e jornais caso seja necessário levá-la a uma clínica com urgência; a caixa ou local onde ela terá seus filhotes; jornais para manter o local onde ela terá os filhotes sempre limpo durante o trabalho de parto; lixeira para os jornais sujos e materiais que serão usados durante o parto; uma caixinha menor forrada com toalha macia para colocar os filhotes enquanto a mãe está em trabalho de parto dos outros filhotes; um relógio para controlar o tempo de parto; uma lâmpada de 100w para ser colocada próximo a caixa dos filhotes caso esteja fazendo frio; se estiver fazendo muito calor coloque um ventilador para a mãe; fio dental e tesoura afiada e esterilizada para amarrar e cortar os cordões umbilicais; anti-séptico para desinfetar o cordão umbilical cortado; toalhas e panos macios para serem trocados 2 vezes ou mais ao dia, na caixa onde ficarão mãe e filhotes.

Os primeiros sinais começam com 48h antes do parto, quando começa a produção de colostro pelas glândulas mamarias e a fêmea começa a construir um ninho. 12h antes ocorre descarga vaginal, decréscimo de 1o C na temperatura, sendo que a temperatura normal do cão é em torno de 38,9 a 39,9o C. É a hora de entrar em contato com o seu veterinário e deixá-lo de sobreaviso, caso você precise de ajuda.
   
1- O filhote é expulso, ainda envolvido na bolsa amniótica

2- A mãe abre a bolsa com os dentes e puxa-a para baixo

3- A cadela corta o cordão umbilical e lambe o filhote

4- Ao lambe-lo, estimula a circulação

5- Os filhotes encontram os mamilos da mãe por instinto


Quando chega a hora do parto as fêmeas demonstram desconforto, não acham posição para se deitar e dormir, respiram de forma acelerada como se estivessem com dor, lambem e olham para a vulva, recusam comida, procuram o seu "ninho". As contrações podem ser observadas nos músculos das costas, num movimento descendente.

Se ela quiser sair e caminhar vá junto. Caminhar ajuda no trabalho de parto, mas é preciso sempre estar atento para que nenhum filhote nasça no chão e ninguém veja. Principalmente se estiver escuro.

Após o começo das contrações pode levar até 4h para a saída do primeiro filhote. Se até esse tempo nenhum filhote nascer, procure logo seu veterinário. É importante observar o comportamento da fêmea, presença de contrações, estado geral da mãe, estado dos filhotes ao nascerem. Qualquer sinal de apatia, falta de contrações uterinas ou contrações sem a saída do feto, indica problemas e o veterinário deve ser procurado imediatamente.

Entre as causas de atonia de útero estão: insuficiência de cálcio, déficit energético, fetos muito grandes e obesidade, partos muito prolongados.

O intervalo entre os nascimentos podem ser de 15 min. Até 1h, mais do que isso chame o seu veterinário.

Para a saída do filhote a bolsa de água aparece e normalmente se rompe, então o filhote sai de dentro dela. A placenta pode ou não se soltar nessa hora, nunca puxe o filhote porque você poderá causar nele uma hérnia umbilical. Espere ela se soltar. Se a mãe não cortar o cordão você terá que fazê-lo, usando fio dental e tesoura esterilizada. Depois passe um anti-séptico como por exemplo iodo. Importante também é contar o número de placentas. Elas devem corresponder ao número de filhotes, se isso não ocorrer é porque houve retenção e caso não seja tratada, ela corre o risco de uma séria infecção uterina.

Você pode ajudar a mãe a limpar os filhotes com uma toalhinha macia, os enxugando até que chorem. Esfregá-los ao mesmo tempo que limpa, ajuda a estimular a respiração. Se isso não fizer o filhote respirar e chorar, segure-o firmemente de cabeça para baixo, protegendo sua cabeça e pescoço e o balance, a força centrífuga irá ajudar a retirar o muco da garganta e narinas dele, para que ele possa respirar.

No intervalo entre os nascimentos deixe os filhotes mamarem o colostro, é muito importante para a saúde e imunidade contra infecções, assim como ajuda nas contrações e no trabalho de parto da mãe. Assim que as contrações recomeçarem, coloque-os de novo separados da mãe.

Quando termina o trabalho de parto a cadela se acalma, sua respiração volta ao normal e param as contrações.

Limpe tudo, passe um pano úmido na cadela para limpá-la e faze-la sentir-se melhor. Ofereça água e uma refeição leve como caldo de galinha com arroz. Isso lhe dará uma alimentação leve e com bastante líquido. Ideal no pós parto.
As mães de primeira viagem podem ficar confusas durante e após o parto. Você precisará ter firmeza, paciência e muito carinho com ela, ajudando no parto, no cuidado com os filhotes e na amamentação. É muito importante que todos os filhotes recebam o colostro nas primeiras 24h de vida.

Dentro de 24h no mínimo eles devem ser examinados pelo veterinário, para saber se tudo está bem.

A secreção vaginal após o parto dura de 24 a 48h e a cor deve ir clareando.

A cadela deve ficar com os seus filhotes em local calmo e tranqüilo, com temperatura ambiente constante por volta de 32o C, sem correntes de vento e sua alimentação deve continuar a ser balanceada e fortalecida, sendo indicado ainda as rações próprias para aleitamento, encontradas no mercado. Deve-se oferecer também bastante água fresca para ajudar na produção de leite. A mãe deve ficar sempre junta dos filhotes para lhes fornecer calor. É bom observar se ela toma o cuidado de não sentar ou deitar sobre eles.

Ao nascer os filhotes tem a temperatura baixa, por volta de 35o C, com uma semana de vida ela estará em torno de 38o C. Seus olhos se abrirão com 8 a 10 dias de vida e seus ouvidos com 13 a 17 dias.

Texto publicado originalmente na HP Vira Lata - reproduzido com autorização
Autor: Rejane S.B. Melki - Médica Veterinária - CRMV-5 4770- Rio de Janeiro
    

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Como Desinfectar o Ambiente Após Doenças Virais


Uma dúvida muito comum que costuma assombrar os proprietários de cães que tiveram viroses e/ou morreram por causa de doenças virais é de como fazer para ter um novo cão em casa. Isso porque sabemos que doenças virais são facilmente transmitidas entre os cães e que muitos vírus tem capacidade de sobreviver no ambiente por dias, meses ou até anos em alguns casos. Vamos aqui dar algumas dicas que podem ajudar. Lembrando sempre que é fundamental que o veterinário seja consultado para fornecer indicações particulares a cada caso.

Para cães que tenham tido alguma doença viral contagiosa, é imprescindível que sejam tratados e medicados por um veterinário, isso porque, embora alguns deles consigam sobreviver sem o tratamento adequado, continuam ainda sendo portadores do vírus causador da doença e podem vir a ser uma fonte de transmissão para outros cães, mesmo que o cão que esteve doente esteja aparentemente sadio. Só a medicação correta e o tratamento adequado e personalizado caso a caso, que tenha sido realizado por orientação de um profissional, podem eliminar o estado de portador do cão que assim deixa de eliminar o vírus e perde sua condição de transmissor.

É sempre aconselhável descartar objetos de uso pessoal do cão que esteve doente como comedouros, cama, cobertores, brinquedos, coleira, guia e aguardar no mínimo 7 dias antes de colocar o novo cão no mesmo ambiente. Durante esses dias e importante limpar todo o espaço e fazer a desinfecção indicada para cada tipo de vírus:

Parvovirose: É um dos vírus mais resistentes aos desinfetantes e possui capacidade de sobreviver no ambiente durante anos. Usar hipoclorito de sódio (água sanitária) para lavar o piso, as paredes e tudo que for possível.

Cinomose: Não é um vírus muito resistente sendo sensível a maioria dos detergentes, desinfetantes e ao calor. Aconselha-se o uso do Hipoclorito de sódio (água sanitária) ou de vassoura de fogo.

Hepatite infecciosa canina: Vírus de resistência moderada. É destruído pelo calor de no mínimo 56 graus. Usar vapor quente ou vassoura de fogo. Pode-se ainda usar desinfetantes à base de compostos quartenários de amônia em contato por 10 minutos com as superfícies.

Tosse dos canis: Usar vassoura de fogo ou vapor quente a uma temperatura mínima de 56 graus. Desinfetantes quartenários de amônia também são indicados.

Para maior segurança acho aconselhável que o procedimento de desinfecção seja repetido no mínimo 2 vezes em dias diferentes e que o novo cão tenha, no mínimo, 2 doses de vacina de boa qualidade e aplicadas por um médico veterinário para que as chances de contaminação sejam realmente mínimas.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Como Examinar seu Cachorro em Casa - Parte 3/3

Como Examinar seu Cachorro em Casa - Parte 3

4. Patas

Flexione e estenda os membros do seu animal suavemente:
  • se ele sentir qualquer dor, que persista a um segundo exame, leve-o ao veterinário. Alguns animais detestam que mexam em suas patas. Tente diferenciar a dor do medo;
  • olhe entre os dedos das patas e procure por parasitas (carrapatos) ou ferimentos;
  • faça o mesmo na parte de baixo, entre as "almofadinhas" (coxins) dos pés;
  • se as unhas estiverem muito compridas, leve o animal ao pet shop ou ao veterinário para apará-las.

5. Genitais

No macho, constitui-se do pênis, prepúcio (pele que recobre o pênis), testículos e bolsa escrotal (pele que reveste os testículos). Na fêmea, você observará a vulva que a porção externa da vagina.
  • tanto no macho quanto na fêmea, observe a presença de secreção nos genitais. Se for abundante, procure o veterinário sem demora, principalmente, se você tiver uma fêmea acima de 7 anos;
  • no macho, note se os dois testículos estão na bolsa;
  • atente para a pele que reveste os testículos ("saquinho"), ela deve estar livre de irritações ou feridas;
  • os 2 testículos devem apresentar o mesmo tamanho.

6. Cauda 

 Curto ou longo, não esqueça do rabinho do seu amigão. É em sua base que as pulgas gostam de se aglomerar causando desconforto e feridas pela coceira. Animais de cauda longa e pesada podem ter ferimentos na ponta. Chegando na cauda, o exame do seu animal estará completo!

ATENÇÃO! Esse exame básico NÃO SUBSTITUI O ATENDIMENTO VETERINÁRIO, pelo contrário, ele visa reconhecer problemas prematuramente para você buscar ajuda do profissional veterinário à tempo. Consulte o veterinário regularmente. 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Como Examinar seu Cachorro em Casa - Parte 2/3

Como Examinar seu Cachorro em Casa - Parte 2

 2. Pelagem

Examine a pelagem do seu animal com atenção:
  • queda uniforme de pêlos, sem apresentar falhas, pode tratar-se de muda anual;
  • observe a presença de parasitas como pulgas, carrapatos ou bernes (a pele apresenta um orifício e um nódulo abaixo dele);
  • cães podem ter piolhos, parasitas que não se movem, são pequenos e acastanhados. Surgem em condições de higiene precárias em canis;
  • falhas na pelagem, crostas ou ferimentos devem ser analisados pelo veterinário;
  • a presença de nódulos ou verrugas grandes e/ou numerosas também merecem a atenção do veterinário.

3. Corpo 


O exame de órgãos internos não é possível ao leigo. Se houver problema em qualquer órgão sempre haverá uma manifestação externa como vômitos, diarréia, excesso ou falta de urina, ingestão exagerada de água, tosse, cansaço, dor ao se movimentar ou tentar pular, "engasgo" após exercício ou excitação, etc. Se notar algum desses sinais, que perdurem por mais de 2 dias, leve seu cão ao veterinário.

  • observe se o seu animal está acima do peso. Esse é um parâmetro muito subjetivo, pois aquilo que pode ser "obesidade" para o veterinário, pode não ser para o dono do animal. Se as costelas do cão estiverem aparecendo, é fácil deduzir que ele esteja abaixo do peso. Por outro lado, se o animal perder a "cintura" (curvatura da região do flanco), desconfie que ele esteja muito gordo;
  • barriga inchada nem sempre é sinal de muita comida, o animal pode ter vermes;
  • na região do ventre (parte inferior da barriga), note se há algum volume na cicatriz do umbigo. Cães e gatos também podem ter hérnia, principalmente os filhotes.

No caso das fêmeas, principalmente, é preciso examinar todas as tetas (cadeia mamária) em busca de nódulos, inchaços e secreções. As cadelas e gatas podem ter tumores, benignos ou não, nas glândulas mamárias. Nas fêmeas castradas antes do primeiro cio, ou até 1 ano de idade, a chance desses tumores é muito pequena. A castração é um método de prevenção.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Como Examinar seu Cachorro em Casa - Parte 1/3

Aprenda a Examinar seu Cachorrinho em Casa

Seguindo o roteiro abaixo, você será capaz de examinar seu amigão minuciosamente. Tornando esse exame uma rotina mensal, será possível saber se é preciso recorrer a ajuda do médico veterinário. Independente desse exame, o veterinário deve ser consultado anualmente para avaliação e vacinação do animal. Se você for comprar um filhote, esse roteiro será muito útil para reconhecer um animal saudável.

1. Cabeça

Comece examinando os olhos do seu amigão:
  • devem estar claros, sem inchaço ou secreção purulenta (amarelada);
  • abaixando a pálpebra inferior, a parte interna (conjuntiva) deve estar rósea. Qualquer sinal de palidez excessiva (conjuntiva branca) pode indicar anemia.
  • observe manchas brancas ou embaçamento na parte escura dos olhos.  
 Passe para as orelhas:
  • examine a parte interna, externa e as bordas;
  • observe se há falhas ou crostas que podem indicar ácaros ou sarna;
  • o ouvido sadio não tem secreção ou odor. Se notar cheiro fétido no ouvido do seu animal, bem como secreção amarelada ou amarronzada ao limpar com um chumaço de algodão, leve-o ao veterinário para que ele diagnostique uma possível otite. 
Examine a boca (desde que seu cão ou gato seja manso):
  • levante o lábio superior do animal e observe as gengivas. Elas devem estar róseas, palidez excessiva pode indicar anemia;
  • a língua deve ter coloração rósea sempre. Se o seu animal apresentar a língua arroxeada (exceto os chow chows) ou azulada após exercitar-se, consulte o veterinário;
  • observe se todos os dentes estão firmes e inteiros. Dentes moles ou quebrados podem causar dor ao animal;
  • a presença de tártaro, placas duras e amareladas nos dentes, conferem um hálito bem desagradável ao seu amigão. Se for o caso, leve-o para uma limpeza dentária;
  • podem aparecer verrugas em abundância na boca ou lábios dos animais, assim como placas brancas no interior da boca. Nesses casos, consulte o veterinário. 
Atenção para o focinho:
  • normalmente ele está úmido e frio;
  • não deve haver secreção, a menos que o dia esteja muito quente, quando o animal pode "transpirar" pelo focinho;
  • focinho seco e quente nem sempre indica febre. Se isso ocorrer, observe o animal e aguarde outros sinais como perda de apetite. No caso de febre, além do focinho, as patas e orelhas ficam muito quentes;
  • focinho despigmentado (branco) exige a proteção de um filtro solar. 
 Reproduzido com autorização do site
Webanimal www.webanimal.com.br

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Como Avaliar Rações para Cães e Gatos

Veja a matéria da Dra. Flávia Saad sobre rações para cães e gatos.

Nós, nutricionistas e pesquisadores, temos vários critérios para avaliar a qualidade de uma ração para cães ou gatos, como, por exemplo, avaliação criteriosas de rotulagem  até testes de digestibilidade e desempenho. Entretanto, para os proprietários, torna-se difícil, diante de tantos produtos, decidir qual é o que melhor se adéqua as necessidades de seu animal. Mas o primeiro ponto a ser considerado é a idade do animal. È importante escolher um alimento indicado para a etapa fisiológica que seu animal está vivendo. Isto significa que sim, você deve dar para os filhotes alimentos devidamente formulados para animais em crescimento, assim como deve oferecer a um animal adulto alimentos com indicação específica para eles. Dar ração de filhotes a animais adultos ou vice-versa, pode comprometer a saúde de seus animais.

Entretanto, mesmo escolhendo produtos indicado para cada idade, ainda restam muitas dúvidas pelo proprietário. Será que a ração escolhida, diante de tantas opções, é o alimento certo? Será que meu cão está respondendo satisfatoriamente ao produto?

Então, sempre coloco o seguinte: o melhor critério para  avaliação é a observação do próprio animal. Mesmo porque existem vários fatores individuais. Uma ração pode ser excelente sob o ponto de vista nutricional e o animal não se adaptar a ela.

Sendo assim, alguns pontos podem ser observados:

1- A qualidade das fezes é sempre importante.

Uma boa ração não pode deixar as fezes pastosas. Descartada a possibilidade de doenças, se isto estiver acontecendo, é sinal que algo não está bem nutricionalmente. Pode ser excesso de fibras insolúveis, má qualidade de ingredientes, etc. As fezes também não podem ser em grande volume (e se desfazendo facilmente). Isto também indica indigestibilidade dos nutrientes.

Um excesso de carboidratos na dieta leva a uma fermentação lática acentuada e as fezes apresentam-se pastosas com coloração clara e cheiro ácido (sem cheiro de podre).

As fezes têm que ser bem formadas, em pequeno volume, consistentes, porém macias. Não podem ser ressecadas. Fezes ressecadas indicam grande absorção e trânsito intestinal lento, além de pouca quantidade de fibras insolúveis. As fibras não devem estar em excesso, mas são importantes para a motilidade intestinal e prevenção de câncer de intestino.

O cheiro é importante também. As fezes não podem ter cheiro de podre. Isto significa que a proteína não foi bem digerida. Neste caso observam-se fezes bem escuras e às vezes pastosas, mas nem sempre.

Mas um pouco de cheiro sempre tem. Fezes com nenhum cheiro não existe. Nem as rações indoor, que utilizam fitoextratos (como, por exemplo, o extrato de Yucca schidigera) ou sequestrante de odores (como as zeólitas) são completamente livres de odores.

2 – A qualidade do pêlo reflete muito a dieta

Uma dieta saudável reflete em pêlo brilhante e resistente. Pêlo quebradiço, caindo demais generalizadamente (alopecias localizadas são indicativos de outras enfermidades) sem causa definida, normalmente liga a luz de alerta. Deficiências de zinco, deficiências de ácidos graxos (normalmente causados por rações rancificadas devido à má armazenagem), proteínas com perfil aminoacídico desbalanceado etc. podem levar a este quadro.

3- Qualidade da pele

Rações de má qualidade levam a descamação de pele anormal, dermatoses e outros problemas. Boas rações favorecem a qualidade do pêlo, tornando-o brilhante e sedoso. Mesmo as raças que apresentam como característica pelame duro devem receber alimentos de qualidade, caso contrário podem modificar a cor, textura e volume da pelagem. Mas antes de afirmar que é a ração, várias doenças devem ser descartadas.

4- Cheiro do próprio animal.

Animais saudáveis e recebendo rações de boa qualidade não cheiram mal e os banhos freqüentes são completamente dispensáveis. Claro que se o animal se suja muito, deve tomar banhos, mas não em demasia. Se o animal estiver apresentando odores desagradáveis, a primeira medida é consultar um médico veterinário. Otites, problemas de pele, dermatoses, entre outras doenças, podem estar provocando este cheiro ruim. Assim, o cheirinho desagradável pode não ser conseqüência direta da má qualidade de um alimento, entretanto, a utilização deste, a longo prazo, pode diminuir a imunidade de seu animal,  propiciando o aparecimento de doenças de pele e provocando o mau odor.

5- Preferências individuais dos animais

Não adianta nada a ração ser maravilhosa nutricionalmente se o animal não gosta dela. Mas atenção, o fato dele gostar muito não indica que ela é boa.

Outro ponto; os animais sempre comem mais que suas necessidades nutricionais quando o alimento é palatável e é novidade. Depois vão diminuindo o consumo até estabelecer um consumo ajustado à suas necessidades energéticas. Aqui vejo muito proprietário achando que o animal enjoou da ração e trocando por outra. Isto pode levar à quadros de obesidade. Mesmo que você ache que ele está comendo pouco, observe o aspecto geral do animal. Perdeu peso, está apático, pêlo sem brilho, fezes pastosas? Não? Então ele está comendo o correto.

Um animal saudável apresenta escore corporal adequado; costelas, espinha dorsal não visível, mas facilmente palpável. Pequenas quantidades de gordura palpáveis na caixa torácica. Cintura e dobra abdominal visíveis e ausência de depósitos de gordura na espinha e na base da cauda.

6. Avaliação do produto em si

Conteúdo de energia metabolizável – a maioria das rações fornece este dado no rótulo e esta informação é muito importante para o cálculo do consumo de alimentos e nutrientes. A preferência vai para fabricantes que apresentem este dado na embalagem. Fuja daqueles que não a fornecem.

Preço é um fator importante. O ideal seria a avaliação do custo da alimentação diária, baseando-se no consumo de energia ou, no mínimo, custo do quilograma de nutrientes na base seca. A ração não precisa ser caríssima, mas rações extremamente baratas, mesmo atendendo as especificações mínimas de necessidades nutricionais, não vão propiciar ao animal uma nutrição ótima. Rações muito baratas utilizam poucos ingredientes, igualmente baratos e de baixo valor nutricional. Costumam utilizar co produtos vegetais em demasia e pouca proteína de origem animal, o que interfere na quantidade final de proteína que o animal absorve.

Mas um ponto é certo. O melhor produto não é aquele mais caro e sim aquele que melhor se adéqua ao seu animal e cabe no seu orçamento. Se um animal come restos de comida, completamente desbalanceado e passa a receber um alimento balanceado, mesmo não sendo o mais caro, certamente terá benefícios nutricionais visíveis.

Reputação do fabricante Subjetivo, mas muitas vezes eficaz. Avaliar se a empresa tem boa reputação nacional e internacionalmente, preocupação em conhecer e pesquisar sobre nutrição. A inclusão de dados na embalagem sobre digestibilidade e energia metabolizável são bons indícios, assim como telefone para sugestões e reclamações sobre o produto.

Aparência e odor do alimento.  Mesmo não sendo o odor que mais agrada aos humanos, alimentos para cães e gatos devem cheirar bem, não podem ter odores desagradáveis, como de ranço ou de putrefação. Os grãos da ração devem ser uniformes, lisos e crocantes. Grande quantidade de resíduos e farelos no fundo do saco significa que o processamento industrial não foi correto.

Mudanças na coloração da ração podem ocorrer em alimentos mais baratos, onde os fabricantes utilizam ingredientes diferentes de acordo com a oferta ou safra e não significam que o produto está estragado ou com data de validade vencida, entretanto é importante ressaltar que dificilmente isto ocorre em produtos de alta qualidade, onde a quantidade de matéria prima é fixa.

Alimento coloridinho pode até ser bonitinho, mas procure atentar se a cor não é muito forte e artificial. Os melhores produtos são aqueles que contêm corantes naturais e esta informação está presente na embalagem.

Rotulagem: Leia sempre o rótulo do alimento. Ele tem informações importantes sobre a quantidade de nutrientes, os ingredientes utilizados, o modo de administrar. Normalmente as quantidades indicadas são orientativas, mas isto não significa que seu animal vá comer exatamente a quantidade indicada. Se ele apresentar perda de peso leve, as quantidades devem ser aumentadas. Ao contrário, se ele estiver ganhando peso fora das fases de crescimento ou gestação, significa que você pode estar dando mais alimento que ele realmente precisa para manter uma boa condição corporal.

É importante que as fontes dos nutrientes sejam da mais alta qualidade, de modo a oferecer a maior digestibilidade possível dos nutrientes. Rações que contem farinha de penas, farinha de sangue, etc, não tem boa digestibilidade nem bom perfil de aminoácidos.

Do mesmo modo, procure observar se o produto contém ingredientes que favorecem a saúde e longevidade de seu animal. Ingredientes como óleos de peixe, que contêm Ômega 3, promovem uma boa saúde do pêlo e da pele, prebióticos como frutoligossacarídeos e mananoligosacarrídeos favorecem a saúde intestinal, antioxidantes naturais e polifenóis diminuem a formação de radicais livres celulares etc.

Nunca compre ou ofereça ao seu animal produtos com data de validade vencida, assim como nunca compre produtos com embalagem aberta, rasgada, molhada ou desbotada. Observe se o fabricante tem inscrição no ministério da agricultura, que é o órgão que fiscaliza estes alimentos. Sem a inscrição no SIF, o produto não oferece nenhuma garantia de estar dentro das normas recomendadas. Nem é necessário dizer que alimentos comprados a granel, fora de sua embalagem, é um risco desnecessário e podem comprometer a saúde dos animais.

Enfim, a observação de todos estes pontos pode ajudar a encontrar o melhor alimento, aquele mais adequado ao seu animal de estimação e que o proporcione uma vida longa e saudável.


Flávia Maria de Oliveira Borges Saad
Médica Veterinária, MSc., Doutora em Nutrição Animal
Professora de Nutrição de cães e gatos
Universidade Federal de Lavras/MG

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Doenças - Anemia em Cães

Cão com anemia





Anemia em Cães

A anemia é um conjunto de sintomas caracterizados pela diminuição da porcentagem de hemoglobina na circulação sangüínea, associada, quase sempre, a uma queda do número de glóbulos vermelhos. Clinicamente, a anemia manifesta-se sob a forma de palidez das mucosas orais e genitais. Distinguem-se vários tipos de anemias, que correspondem a mecanismos variados e determinam terapêuticas e prognósticos muito diferentes.

Origens diferentes

No cão a anemia pode ser resultado de um aumento anormal da hemóise (destruição dos glóbulos vermelhos), o que define as anemias hemolíticas, ou de uma insuficiência na produção de hemácias pela medula espinhal, encarregada fisiologicamente, de produzir glóbulos jovens.

Anemias hemolíticas

São as mais comuns devido à grande freqüência de algumas de suas causas, em particular, a piroplasmose, também conhecida como babesíase (doença transmitida pelos carrapatos, que causa a destruição dos glóbulos vermelhos em circulação. Este tipo de anemia traduz-se, não só na palidez das mucosas como também na coloração anormal da urina; a hemoglobina, contida nas hemácias, é então liberada na urina e dá a coloração "borra de café" que se observa em todas as hemólises maciças. Às vezes a anemia é acompanhada de incterícia, caracterizada pela coloração amarelada as mucosas orais e genitais.

No cão, também ocorrem outras causas de hemólise, em particular, causas imunológicas; o organismo ataca seus próprios glóbulos e elabora anticorpos para destrui-los. Este tipo de anemia hemolítica pode ocorrer de repente, sem razão aparente, ou ser a seqüela, por exemplo, de uma babesíase.

Anemias de origem medular

As anemias originadas por uma insuficiência de produção de glóbulos vermelhos pela medula respondem a vários mecanismos. Em condições fisiológicas, a produção de hemácias requer a presença de um hormônio de origem renal, a eritropoietina, a presença de células matrizes a partir das quais se produzirão as futuras hemácias e, a presença de materiais necessários para a fabricação e montagem dos elementos que constituem o glóbulo vermelho, em particular, o núcleo e a hemoglobina.

A produção das hemácias pela medula espinhal pode ser perturbada por diversas razões: redução da síntese da eritropoietina pelo rim, em particular nos casos de insuficiência renal, que provoca a dominuição da quantidade de células matrizes; estas últimas também podem ser bloqueadas por células tumorais ou por uma esclerose que invada a medula; também podem ser destruídas por agentes citotóxicos, por exemplo, antimióticos utilizados no tratamento de certos tipos de câncer no cão.

Por úlimo, os elementos indispensáveis para a formação do núcleo da hemácia (em particular vitamina B9 e B12) ou para a formação da hemoglobina (ferro) podem faltar devido, essencialmente, à insuficiência de acréscimos causados por transtornos digestivos crônicos (diarréia crônica de origem parasitária, tumores no tubo digestivo).




Exames específicos

As causas das anemias são numerosas e, antes de trata-las especificamente, torna-se indispensável identificar e quantificar a anemia para poder classificá-la no grupo correspondente: anemias hemolíticas, anemias por perdas (hemorragias) ou anemias de origem medular.

A partir de uma amostra de sangue, o veterinário realizará os exames específicos. Os dois principais são:
  •  Exame quantitativo, realizado com um contador automático, que permite determinar o número de glóbulos vermelhos, a taxa de hemoglobina, o número de glóbulos brancos e sua distribuição; o cálcuilo de certos índices de padrão, que também permite caracterizar a anemia. Também é importante conhecer a taxa de reticulócitos, células que correspondem às formas imaturas de glóbulos vermelhos. É indispensável realizar esta contagem para avaliar a capacidade de resposta medular diante de uma anemia.
  • Um segundo exame é qualitativo e consiste no exame de um esfregaço de sangue extraído no qual o veterinário irá procurar a presença de parasitas (babesíase) e poderá observar a morfologia das hemácias.
  • É só de posse dos resultados destes exames, que será possível definar a anemia e a melhor tesrapêutica para o seu tratamento. 

Tratamento

 O Tratamento da anemia é, antes de mais nada, causal. Tratar uma anemia hemolítica de origem piroplasmática requer, em primeiro lugar, o tratamento do piroplasma. O tratamento de uma anemia por perda requer a procura da hemorragia; uma intervenção cirúrgica ou não, será acompanhada por uma transfusão sangüínea, caso necessário.

O tratamento das anemias de origem medular pode requerer, igualmente, uma transfusão ou, simplesmente, a suspensão do tratamento antimiótico em caso de câncer.

Excepcionalmente, pode ser indispensável administrar ferro ou vitamina B12 aos animais anêmicos, mas essas medidas devem ser prescritas apenas pelo médico veterinário.

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